O crescente interesse estético, a autoconfiança cada vez mais requisitada pela “tribos dos adolescentes”, faz com que os jovens por volta dos seus 14 ou 15 anos coloquem piercing em alguma parte de seu corpo. Por isso, é muito comum o piercing na cavidade oral, onde o local de eleição é a língua, com 81%, e no lábio 38,1%. A jóia oral pode estar colocada em um ou múltiplos locais. Aqueles que usam ou que pretendem adquirir um precisam primeiramente saber dos riscos que estão correndo, uma vez que a mucosa da boca é bastante sensível, ao contrário da pele. Portanto, exigirá cuidados especiais, por ser mais vulnerável a lesões.
Pesquisas mostram que em 100% dos usuários houve alteração dos tecidos na cavidade oral. Os resultados das biópsias variaram de processos inflamatórios crônicos, hiperplásicos, papiloma e granuloma piogênio até lesões que podem levar ao câncer, como leucoplasias e displasias. Mesmo com boa higiene oral, os adeptos não estão livres das doenças. Tivemos aqui no consultório casos em que verificamos fratura dental por parte do piercing lingual e relato sobre os incômodos e inconvenientes do “brinco”,
mas sua vaidade falava mais alto. Alguns adolescentes
tiram suas dúvidas para a futura colocação e tentamos conscientizá-los da melhor forma possível.
Além das alterações citadas acima, do ponto de vista intrabucal, o piercing também pode provocar traumas dentários, quebrando o esmalte e a dentina do dente e em alguns casos estendendo-se à polpa (nervo). Nestes casos, teremos que tratar canais dos dentes e reconstruí-los, muitas vezes, com coroas (prótese unitária). Outro problema são as periodontopatias (problemas nos tecidos gengivais), por haver maior acúmulo e bolsas periodontais (deslocamento da gengiva) e descalcificações, podendo causar lesões cervicais cariogênicas (processo carioso).
Temos ainda o problema do mau hálito que está associado a feridas, alergias às jóias, infecções e inflamações locais. A literatura médica relaciona o piercing com hepatites, endocardites (problema cardíaco), hemorragias, esofagite, asfixia e aids. Foram consultadas mais de 1.000 referências para elaboração do estudo. Devido a todos esses transtor-
nos que podemos ocasionar em nós mesmos, é importante antes de tomar uma decisão haver uma concientização
sobre os perigos e riscos a que estaremos sujeitos, pois o prejuízo será estritamente nosso. Não podemos esquecer, que teremos também o incômodo dos primeiros dias ou semanas, com dor, edema (inchaço), dificuldade mastigatória, dificuldade da fala e hipersalivação. Caso
você já tenha o aparato na boca, é necessário um acompanhamento clínico rigoroso para advertência e prevenção de futuros problemas, afinal, quanto maior o tempo de uso, maiores as chances de contrair doenças.