Sabemos que a prevalência do Diabetes vem aumentando gradativamente nos últimos anos. Isso é uma tendência mundial. Os maus hábitos alimentares da população, em conjunto com o sedentarismo e a obesidade são fatores predisponentes para o Diabetes mellitus do tipo 2. Uma significativa parcela da população desenvolve esta doença após os 50 ou 60 anos de idade. Muitas vezes, este paciente chega na cadeira do dentista apresentando complicações bucais da doença.
O primeiro passo do dentista é identificar este tipo de paciente. Uma anamnese detalhada é primordial para entender como que nossos pacientes estão em relação à saúde geral. Em alguns casos, o próprio dentista pode suspeitar que o paciente é portador de Diabetes. Estima-se que para cada duas pessoas que tem a doença, uma delas não sabe do diagnóstico.
Algumas pistas como a boca seca (xerostomia), hálito cetônico, aumento súbito do número de cáries, manifestações virais (herpes simples recorrente) e fúngicas (candidíase), doença periodontal de difícil controle, relatos de perda de peso brusca, fraqueza, cansaço e alterações na visão podem sinalizar que o paciente está com Diabetes. Nesses casos, o dentista deve pedir exames de sangue e sugerir que o paciente procure um médico endocrinologista imediatamente.
Com os pacientes que chegam com o diagnóstico, seria prudente fazer a aferição da glicemia antes de cada atendimento, em um mundo ideal. O atendimento odontológico deve focar nas consultas curtas em momentos de menor estresse do paciente. Uma descompensação da glicemia pode trazer atraso na cicatrização e predispor infecções. Um paciente diabético controlado e compensado pode ser tratado como um paciente que não tem a doença. O indicado é sempre usar anestésicos com vasoconstritor – Prilocaína com Felipressina (Citanest), respeitando o limite de três tubetes. Vale lembrar que este anestésico não é indicado para gestantes.
Além disso, o dentista deve estar preparado para lidar com problemas como crises de hipoglicemia ou hiperglicemia. Pacientes com glicemia abaixo de 70 (quadro de hipoglicemia) ou acima de 300 (quadro de cetoacidose) não devem passar por atendimento odontológico. Devem ser encaminhados para o pronto socorro médico.
O dentista também deve prestar atenção na dieta e na medicação do diabético. Saber o horário da última refeição, qual foi a última refeição e que tipo de insulina o paciente toma vai fazer diferença para saber se a glicemia está controlada ou não no momento da consulta. Para procedimentos que envolvam sangramento, muitos estudos sugerem o uso de Antibioticoterapia profilática. Outros estudos sugerem o uso de forma terapêutica, iniciando o uso 2 ou 3 dias antes do procedimento odontológico.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a Doença Periodontal é a sexta complicação do Diabetes. Essas duas doenças interferem uma na outra de forma evidente. Muitos pacientes não conseguem regular sua glicemia por não fazerem um controle da Doença Periodontal e vice versa. Por isso é importante a equipe multidisciplinar formada pelo médico e pelo dentista para o controle dessas doenças que não têm cura e são um problema de saúde pública mundial.
Acredito na grande importância da atualização dos dentistas nesse assunto para poderem diagnosticar e tratar com sucesso todas as complicações bucais decorrentes do Diabetes, levando em consideração que todos nós estamos vivendo por mais tempo e temos grandes chances de desenvolver esta doença se descuidarmos de nossa saúde e alimentação.
Fonte: http://blog.dentalcremer.com.br/